sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Resignação


Era azul. Azul mesmo, cor de céu limpo e piscina com cloro. A roupa que levemente cobria a superfície lisa de seu corpo era azul. E a discreta relevância disso era inotável. Assim como desejava que fosse.

Iria fazer uma semana que não o via, uma semana de sossego físico, não obstante não mental. Nunca mental. Depois que o conhecera nunca mais fui a mesma, e nem podia. Ele descrevia todos os tolos sentimentos que nunca me deixara sentir, traduzia minha insanidade diária.

- Devia parar de fumar - Ele dizia com a cara mais lavada em sobriedade possível, assim, como quem não liga para o fato. Ele nunca ligou, não conseguia se importar com ninguém, nem se tentasse. Mas dizia ainda, nunca parou.

- Não quero, o mundo é muito triste para vivermos sem algo a nos aliviar – Eu relatava como quem não fazia questão de respondê-lo.

- Tu deveria beber uma comigo antes de adentrar nesse sonho moral de todos, Pedro.

Engraçado como Pedro nunca havia sido de ninguém, pelo menos ninguém em especial, ele era de todas, e nenhuma sabia como ele era de verdade. Mas Marina parecia ter roubado seu ar. Sim, Marina havia roubado-o.

- Ela quer te conhecer, Helena. Fica horas suplicando um encontro. Quer saber quem é essa que tanto falo. – Ele dizia com um entusiasmo nunca antes demonstrado.

Sabia o jogo de Marina, era jogo de mulher, não a julgava, estava certa de ter ciúmes. Eu é que não estava.

Agente se conhecia sem palavras, pelo contrário, o silêncio era a parte que faltava naquela sintonia amigável toda. O triste foi percebê-lo demais.

- Descerei para comprar mais cigarros, Pedro. Ligue para ela, convide-a para vir aqui.

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