domingo, 17 de janeiro de 2010

seguidos a menos

Perdi. Havia perdido tudo que acreditava me segurar e não havia ninguém pra segurar-me. Naquele dia chuvoso e sob aquela chuva fina, nem o arco-íris que havia acabado de aparecer fazia sentido. Nada mais fazia.
Diante das cervejas que não faziam efeito ou do cigarro que acabava sem porquês, eu percebia.
Percebia que perdi. Perdi por acreditar que as conquistas que faziam minha felicidade só dependiam de mim. Perdi por crer que as outras bastariam. Perdi por ter ganho o mundo e perdido a alma ao mesmo tempo.
Pensava que se obtivesse todo o resto, ele não teria tamanho significado, tolice a minha.
Chega a linha de término e todo mundo ganha, e tu se consola com prêmios secundários, se houvesse consolo. Tu se consola com o futuro incerto e conquistado, se consola com a liberdade, com a bebida dos dias, a fumaça dos pulmões, as pessoas de cada noite e a responsabilidade do resto da vida. Consola-se com a ausência que se fez doída e cicatrizada.

O copo meio vazio agora é completo, e não faria diferença mais nada, mais ninguém, nem ninguém.
Etanol, nicotina, e tempo, tempo, tempo e tempo.